domingo, 15 de agosto de 2010

Samba vira desenho




"Qualidade na simplicidade marca adaptação de música de Noel Rosa para a literatura infantil


A relação de Noel Rosa com os artefatos da modernidade de seu tempo são um capítulo à parte em sua obra - lapidar em sua sincera irritação, por exemplo, com o cinema. Paródia aos astros musculosos de Hollywood, Tarzan, o Filho do Alfaiate arranca sua graça do sujeito vítima dos padrões estéticos que a indústria cultural americana impunha nos anos 30. O protagonista da composição é um pele-osso que, para ajustar-se à moda, disfarça como pode a própria anorexia.

O grupo editorial Saraiva relê como livro infantil a música de Noel e Vadico. Tarzan, o Filho do Alfaiate (editora Formato, R$ 19,90), a versão para crianças da canção - primeira de outras composições populares a virar livro infantil pela coleção Forrobodó - revela leveza no trato do tema e originalidade linguística.

As ilustrações de Rafael Silveira (autor de Pop Surreal e das imagens do álbum da banda Skank, de 2008) materializam a letra de forma irrealista, o que dá ao material um efeito de sonho. À camada de memória musical e afetiva, de quem conhece a música, soma-se essa que dribla as referências originais dos compositores, algumas delas perdidas no tempo. O resultado continua conversa de botequim, mas com jeitão de criança. (LCPJ)"

In: http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=12080

sábado, 14 de agosto de 2010

Mais um sábado


Mais um sábado

Desejei muito descansar neste sábado, que já segue para um Sunday. Na verdade prefiro minhas sextas, mas alguns desses dia são bons, principalmente quando, no meio da tarde, degusto o baião de dois de Belzinha. Hoje ela resolveu incrementar seus dotes de cozinheira cearense e pôs mocotó nesse baião que acabou sendo de três, afinal, Mara também aprovou. Falar de sábado me lembrou os tempos do “ARS Latina”, na UECE. Em latim se escreve sabattum. É um dia, que, entre os judeus, representa oração e descanso. Como não tenho descendência judaica, acordei cedo para cruzar a Baía de Todos os Santos e encontrar os alunos, professores como eu, que resolveram corajosamente não faltar aula. A “Literatura Infanto Juvenil” hoje foi muito boa! Valeu todo esforço. O trabalho foi produtivo. Na volta pra casa, a Baía - com toda a sua história e beleza (aquele Forte lindíssimo passando por mim) - me deixou com muito mais vontade de viver corajosamente sobre as águas: viajar mais, conhecer outros lugares, outros mares.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Todo dia

Já passa de uma da manhã. Eu, como sempre, noturna. Trabalho firme aqui. Além desse espaço que tem me empolgado, afazeres outros. No meu juízo: “simulado de português” para o ENEM, disciplina que vou ministrar na Ilha no fim de semana, concluir uma revisão de texto para Cirl, consulta marcada, agendar biodança e algumas outras centenas de compromissos. Não que eu seja importante, rs. Mas esquecida e às vezes permissiva com minha calma que irrita alguns de meus amigos... O mundo acaba e eu aqui. Pra não me acabar, claro, “deixo a vida me levar”. Mas trabalho firme mesmo. Amanhã (ops, daqui a pouco, pois esse futuro já virou pretérito – são 2h) acordo as 5h30. Quero despertar e olhar o céu lindo da minha janela. Ver o dia nascendo com “Soir de Fete”, de Yann Tiersen (o último disco dele, por sinal, é lindo). Mas o dia DIA...Ele...

O dia nasce todo dia
E todo dia a gente nasce de novo
Todo dia é um dia novo.

Dia de ir pra rua
Dia de ir à luta
Dia para labuta.

Todo dia a gente quer mais
Mais daquilo que nos faz bem
Mais do que existe de melhor em alguém.

Todo dia isso
Todo dia aquilo...
Todo dia de bom dia
Boa tarde e
Boa Noite.

E quando vejo:
Já é outro dia.
E o dia passou
E levou: o temor. A dor.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

'Circuito Fechado" - para Ricardo Ramos






Meus passos: ritmo acelerado. Não sei pra quê. Na ida [um gosto de agosto passado]. Outra vez minha sala. Meus quadros. A minha mão. Outra vez. O pensamento. O vento e o alento. Sonho meu. Eu. Meus possessivos gritantes. Tiranos. Meus sentidos imperativos. Arrogantes. Errantes. As lembranças. As farsas. Minhas. Frases não ditas. Palavras aleatórias. Ocultos sujeitos. Minha gramática [mal]dita. Pedaços, restos. Incertos [caminhos]. Solidão que não tarda. Vento que leva a cidade – Minha Cidade. Minhas vontades. Meus vícios. Meus limites. Imperfeições minhas – todas sãs. Minha volta. Revolta que não vem. Minha ida. Minha vinda. Chegada. Partida. Meus pesares. Meus números. Os ímpares. Meus. Erros e Acertos. Meu “Circuito Fechado”.


Escutei essa música algumas mil vezes hoje, inclusive quando escrevia sobre o meu "Circuito Fechado". A melodia é fantástica. A voz de Regina Spektor mais ainda!




quarta-feira, 4 de agosto de 2010

(SambAmigo) para D. Meuri



Finalmente um Samba!!!

Um dia desses (já tem um tempinho, na verdade) fiz um samba chamado “Sambamigo”. Foi um presente pra Cesinha, uma cara que amo e que viajou inesperadamente. Ele gostava de roda, gostava de samba. Roda-Viva era a vida dele. Apesar da dor e da suadade, tenho certeza que ele continua vivendo (ou sambando) em algum lugar... ou, quem sabe, bem perto do coração da gente :))
Há pouco, lendo um email de Amélia (um dia vocês vão saber que é ela...), o SambAmigo veio à cabeça. Acompanhada por Cher (meu velho Giannini) tirei a música da gaveta lembrando o quanto a “D. Meuri” (é assim que Amélia a chama sempre) foi importante para os seus amigos. Lembrei de quantos dos seus sorrisos me iluminaram e me fizerem sorrir. Lembrei das bolinhas de carne moída, da galinha à cabidela, do baião-de-dois, das sopas, do purê de batatas inugualável ao meu paladar. Tudo feito por ela.
Melhor ainda foi lembrar das palavras cheias de cumplicidade e amizade.
Tenho sofrido muito pela sua viagem, mas me alegro muito mais pela oportunidade que a vida me deu de vivência ao lado dessa forte mulher.




Pra quem achava que os sambas estavam demorando nessa Avenida...

SambAmigo

O SAMBA É PRA SE CANTAR
O SAMBA É PRA SE DANÇAR
O SAMBA É PRA SE TOCAR
O SAMBA É PRA SE LEMBRAR

DAQUILO QUE (SÓ) VIVEU
DE TUDO O QUE NÃO MORREU
DA FLOR QUE JÁ FLORESCEU
DO AMOR QUE SOBREVIVEU

SAMBA CANTADO NA CANÇÃO DE AMIGO
SAMBA DANÇADO NUM PASSO PARTIDO
SAMBA TOCADO NUM TAMBOR GEMIDO
SAMBA LEMBRADO DE UM AMOR VIVIDO

SAMBA QUE ESCORRE DO SANGUE D’AGENTE
MOLHA A ALMA E SE DEMORA
SAMBA QUE CHEGA NUM DIA
MAS NA AURORA VAI EMBORA

(PRA UM DIA VOLTAR)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Caderno - Toquinho

Primeiras Epifanias...

O Caderno


Ele tem flores que parecem nuvens. Tem formas geométricas que me agradam e tem a minha cor predileta: azul. Achei-o no meio de algumas toalhas, perdido em um supermercado. Eu não o procurei, mas ele me achou. Então o elegi para ser cúmplice de algumas das minhas idéias, ops: de algumas da minhas sensações extravasadas em linhas e cores.Se esse cadernos tivessse um nome seria Epifania...

sábado, 3 de abril de 2010

Antigas Escrituras

Sábado. Noite. Dezesseis. Dez versos de dúvidas e seis notas de medo. Agosto na minha sala e no meu mundo. Eu não sabia que aquele vento me cortaria a alma e a calma. Mesmo assim segui passos largos e armados. Na estação, nos vagões e na velocidade do ocaso, eu vivia o antes do princípio, o antes da história que correria em minhas mãos sedentas de tempo. Nos olhares dos que comigo vagavam e "vagueavam", um tanto de medo, restos de alegria, sinais de ternura, e também um pouco do desalento que o breu noturno traz. O vento que invadiu a noite deve ter revirado algumas daquelas vidas, da minha, inclusive. Ah, o vento... Se soubesse da minha partida, d'alma partida... Não teria uivado. Não teria assanhado meus cabelos, ateado fogo no castanho dos meus olhos, tampouco revirado a minha pobre memória. Eu gritava ao ar que me assolava. Meu rosto, gélido. Mas dentro da minha pele não havia frio, porque do outro lado de mim tudo queimava, abrasava. Ainda que pobre, ela voltava: sim, a memória retornava incinerada. E como num jogo em que se precisa ir e vir, dar voltas e andar em círculos, eu seguia. Olhava para trás e girava. Carrossel de sonhos e enganos. Perdas e ganhos. Fiz cálculos. E como se faz numa equação eu precisava desvendar o que fora vendado. Eram incógnitas todas as minhas dúvidas e medos. Preciso declamá-los e entoá-los; pesá-los e medi-los. No gosto de agosto que se esvai nessa noite de sábado.

LiteraSamba